domingo, 10 de setembro de 2017

O Nautilus


Talvez quando você se depare com o nome Nautilus, (do grego, “marinheiro”), logo o associe ao submarino que recebeu o mesmo nome na grande obra de ficção escrita por Júlio Verne, Vinte Mil Léguas Submarinas.

Porém, o que muitos não sabem é que o Nautilus realmente existe, mas não é um submarino, e sim uma espécie de um molusco marinho de aproximadamente 20 centímetros e que geralmente é confundido com caracóis.

Esse animal é um cefalópode. Cefalópodes são um grupo de animais marinhos que possuem como principal característica os pés modificados para tentáculos em suas cabeças, e que existem desde o período cambriano, cerca de 542 e 488 milhões de anos.

Os parentes próximos e mais conhecidos do Nautilus são os polvos e as lulas, e assim como seus primos esse animal possui células pigmentares chamadas de cromatóforos, que dão a eles a capacidade de mudar de cor para se camuflarem no ambiente conforme a necessidade.

Diferente do polvo ou da lula, o Nautilus possui uma concha calcaria protetora que é dividida em várias câmaras, ele ocupa a última delas e as demais cheias de ar são utilizadas como aparelho hidrostático, para ele flutuar. Perceba que esse esquema de flutuabilidade utilizando câmaras é o mesmo usado pelos submarinos.

O Nautilus é um animal predador, ele possui de 60 a 90 tentáculos sem ventosas e olhos grandes e bem desenvolvidos, que são utilizados para caçar seu alimento, em geral peixes e pequenos crustáceos.

Para nadar ele utiliza uma única barbatana, localizada no abdômen, possui ainda um órgão sensorial que o ajuda a manter-se equilibrado, essa estrutura chama-se estatocisto, além disso, também como seus parentes próximos, pode se utilizar de um jato d’água expelido por uma cavidade em forma de funil chamada de sifão, para fugir de predadores, mas mesmo assim é considerado um animal lento.

Na classificação científica, o filo Mollusca é o segundo maior filo animal com mais de 80.000 espécies viventes, perdendo somente para o filo Arthrópoda. Dentro do filo Mollusca, a classe dos cefalópodes, onde o Nautilus, as lulas e polvos fazem parte, é representada por apenas 650 espécies viventes.

O ramo da biologia que estuda os moluscos chama-se, malacogia, e o especialista em malacologia é o malacólogo.


Pesquisas realizadas por cientistas, através de fósseis, indicam uma queda muito grande no número de cefalópodes nos oceanos no decorrer dos anos. E por mais que muitas espécies tenham desaparecido já há muito tempo e por seleção natural, não podemos negar que a espécie humana certamente hoje em dia colabora para o declínio de espécies que vivem nos oceanos, já que infelizmente o cuidado com o berço da vida não faz parte das prioridades dos homens.

quinta-feira, 6 de julho de 2017

Unicórnios existem!


Quem foi que disse que unicórnios não existem? 

Existem sim, mas não daquele tipo que você está pensando, provavelmente um pequeno cavalo branco com um corno pontiagudo na testa, nesse caso se trata de um cetáceo chamado Unicórnio-do-mar, (Monodon monóceros), também conhecido como Narval e que vive nas aguas geladas do Canadá e da Groelândia.

 Mas o que é um cetáceo, e quem é esse tal de Unicórnio-do-mar? 

Cetáceos são animais mamíferos exclusivamente aquáticos, como por exemplo as baleias e os golfinhos. Os cetáceos possuem em seu corpo adaptações que lhes permitam viver nesse ambiente, como um corpo hidrodinâmico, uma grossa camada de gordura para proteção de baixas temperaturas, a migração das narinas para o alto da cabeça, a redução na quantidade de pelos e a locomoção por propulsão pela cauda em posição horizontal.

O Unicórnio-do-Mar se trata de uma baleia, onde os machos possuem um dente canino esquerdo que se alonga, rompendo a carne do animal e podendo chegar de dois a três metros de comprimento, dando assim a impressão de um corno saindo da cabeça, daí seu nome, unicórnio.

Essa estrutura é oca e pode chegar a pesar dez quilos. Durante um bom tempo ela foi ligada somente a característica sexual do animal, já que somente os machos as possuem. Mas, através de pesquisas recentes e com equipamentos mais modernos como por exemplo os drones, pode-se observar que esse dente longo também é utilizado para a alimentação, já que eles o utilizam para desorientar os bacalhaus do Ártico ao atingi-los rapidamente, deixando-os assim atordoados e fáceis de serem devorados.

O cientista canadense Clint Wright, que já fez várias expedições ao Ártico para estudar os Narvais, relatou em uma entrevista que, segundo ele o dente alongado dos narvais por estarem ligados ao tecido nervoso do animal, podem ajudar na navegação pelas aguas congelantes daquela região.

Durante a Idade Média, alguns povos europeus acreditavam que a presa era na verdade um chifre de unicórnio e teria poderes mágicos, o que acabou levando ao aumento da caça, principalmente pelos vikings e outros povos do norte, que revendiam o produto pelo continente.

Até hoje esses animais são caçados, sua carne e pele são utilizadas como alimento e seus ossos utilizados para confeccionar ferramentas, mas essa caça é controlada e não chega a ser uma ameaça para a espécie.

A única ameaça atualmente para os Narvais é o aquecimento global, já que com o aumento da temperatura dos oceanos, a formação de gelo fica instável e acaba por enganar as baleias, que ao subirem para respirar se deparam com placas de gelo gigantescas desprendidas do continente e acabam por se afogar.

Os membros da União Europeia proibiram a importação de presas desse animal e discutem outras maneiras de ajudar na preservação da espécie com o objetivo de garantir que as futuras gerações possam conhecer esse animal, o “diferentão” Unicórnio-do-Mar.

domingo, 16 de abril de 2017

A ave Secretário


O Secretário, também chamado de Serpentário, (Sagittarius serpentarius), é uma ave de rapina africana de hábitos diurnos.

Ela habita todas as regiões da África do Sul e do Saara, preferindo em geral as savanas, mede em média 1,5 m de altura, sendo os machos apenas um pouco maiores que as fêmeas.

Seu bico é curvo e pontudo, os pés terminam com garras superfortes e unhas bem afiadas, características comuns em aves de rapina. Vivem geralmente em casais, costumam fazer voos baixos geralmente planando nas correntes de ar e também caminham muito durante o dia, a cerca de 3 km/h.

A alimentação do secretário tem como base as serpentes, mas ela pode também se alimentar de roedores e anfíbios. Essa ave usa suas pernas longas e fortes para dominar e matar o animal com poderosos chutes na cabeça.

Na hora da caça ela fica de asas abertas fazendo um tipo de dança, (foto), para que as sombras das assas confundam a presa e assim ela possa fazer ataques certeiros.

Veja aqui um vídeo de como essa ave faz para matar sua presa!  
Em um documentário sobre animais africanos que assisti recentemente, foi relatado que essa ave, além de ser a única espécie de sua família, Sagittariidae, ela também é a única ave do mundo que pode regurgitar água, visto que entre as aves, somente alimento sólido é regurgitado, justamente para alimentar o parceiro ou os filhotes.

Os ovos dessa ave são alongados e de cor cinza azulado, sendo chocados de 40 a 46 dias pela fêmea que não abandona o ninho, assim, o macho é quem fica responsável por alimenta-la durante esse período. Os filhotes depois de nascidos estarão em condições de seguir sua vida independente com cerca de 3 meses de vida.

Essa ave ainda não está correndo risco de extinção, mas sua população é pequena devido ao número de ovos que coloca por postura, apenas dois uma vez por ano.

Agora você deve estar se perguntando, mas afinal por que ela se chama Secretário? Bem, na verdade seu nome é uma corrupção da língua árabe, saqr-et-tair, palavra essa que significa "ave caçadora".

Obrigado pela leitura!

quarta-feira, 1 de março de 2017

Rastros humanos



Quando nos deparamos com a palavra rastros, logo vem a nossa mente marcas como as pegadas deixadas por animais em locais pelos quais tenham passado. Mas quantos de nós, seres humanos, será que já pararam para pensar em que rastros estamos deixando no planeta durante essa nossa estada por aqui?

Segundo os cientistas, os humanos existem há cerca de 195 mil anos, isso é menos de 0,01% da história terrestre, que é de 4,5 bilhões de anos, mas, já alteramos tanto a química e a biologia do planeta que, em 1995 o cientista holandês Paul J. Crutzen, Nobel de Química daquele ano, criou um novo conceito, que seria uma nova época na história geológica do planeta, o Antropoceno.

As Eras, Épocas e Períodos são unidades usadas para dividir o tempo geológico do planeta baseadas nas grandes mudanças que ele sofreu, segundo Crutzen, o Antropoceno teria seu início na época em que o ser humano começou a alterar consideravelmente as características do planeta, ou seja, começou a deixar sua marca definitiva. 

A única discussão entre os cientistas seria definir se essa época se iniciou há 200 anos atrás com a revolução industrial, ou deveria ser considerada já em meados de 1945, visto que os sedimentos já estariam contaminados devido aos testes nucleares.

E essas alterações continuam a ocorrer até hoje, na porção terrestre, por exemplo, com a construção de cidades e a expansão da agricultura mudando completamente o relevo. Na atmosfera, com o lançamento de gases tóxicos, nos rios, lagos e oceanos com o despejo de fertilizantes e metais pesados, além das alterações feitas nos cursos de rios para a construção de represas e se não bastasse, tudo isso ainda causando extinções de outras formas de vida.

Mais da metade das pessoas do mundo já moram em áreas urbanas, e segundo ainda os pesquisadores, no futuro, os geólogos irão encontrar sedimentos muito diferentes ao analisar nossas áreas costeiras, elas serão camadas geológicas com concreto, metal e plástico.

Mas, será que o homem não se dá conta do que está fazendo?

Minha opinião é que isso tem muita relação com uma coisa que está presente no nosso dia-a-dia: o lixo doméstico. 
Vejam, cada vez que um cientista afirma, por exemplo, que a atmosfera está sendo afetada pela queima de combustíveis fósseis, e que isso está causando o aquecimento do planeta, ainda há quem duvide de tais afirmações só porque não está vendo nada acontecer no céu!

Acho que o homem é muito de se impressionar somente com aquilo que ele pode ver, pois, de uma forma geral a partir do momento em que o problema não é visto, é como se não existisse, e vida que segue.
Fico imaginando o que já há de lixo depositado no solo dos oceanos, mas há quem duvide, afinal de contas não está vendo nada!

Nas minhas últimas férias fui pescar na região de Santos-SP, e foi justamente por essa pescaria que resolvi escrever sobre o assunto do impacto do homem na terra, já que foi a primeira vez em que pesquei mais lixo do que peixe. 
Fiquei realmente abismado com a quantidade de plástico que vi, imagino a quantidade de lixo que existe, mas já não vemos mais. 

Isso só reforça a teoria do cientista que citei acima, que existirão no futuro camadas geológicas de plástico, e isso é realmente lamentável.

Quando me deparo com esses “rastros humanos”, me pergunto: Será que o homem é tão inteligente quanto pensa? Pois, que outro animal destrói o próprio habitat? 

Obrigado pela leitura!